Há mais ou menos 1 mês, fiz uma viagem para Portugal, mais especificamente para Lisboa. Foi uma viagem de férias, mas, sim, nossa empresa recentemente abriu uma unidade lá. Então, ainda que eu tenha ido a lazer, não pude evitar de olhar não só para a cidade, como para todo o país, com um olhar de Branding, ou seja, minha atividade profissional.
E algo que eu percebi logo de cara foi que, assim como o nosso país tem sinais muito claros de marcas icônicas que nos representam, como o biscoito Globo no Rio de Janeiro, o Guaraná Antárctica, Sandálias Havaianas etc., Portugal também tem suas marcas queridinhas, que vão muito além do pastel de Belém, que é o que quase todo mundo conhece. Por falar em biscoito Globo e praia, vocês sabiam que, nas praias de Portugal, a comida típica se chama “Bola de Berlim”? Pois é. A ‘Bola de Berlim’ se parece muito com o nosso saboroso sonho, mas pode ser comida com ou sem recheio. Curiosa que sou, fui atrás para entender o porquê desse nome. Afinal, o que Berlim tem a ver com Portugal e com esse doce? Descobri que a “Bola de Berlim” é um bolo tradicional da culinária alemã trazido para Portugal por refugiados na época da 2ª Guerra Mundial.
Seguindo a temática da praia – aliás, vocês já devem ter reparado a minha queda por praia – outra marca que está muito presente nas praias portuguesas é a da cerveja Super Bock, marca portuguesa da cidade do Porto. Não só o produto, a cerveja em si, está em todos os lugares, mas a marca também está estampada em muitos bares e outdoors. E ela não está sozinha: outra marca de cerveja bem presente, também portuguesa, é a marca Sagres. Os portugueses me contaram que as duas são rivais. A marca Sagres é de Lisboa e aí observamos uma rixa, que vai além da preferência por sabor, mas também é bairrista. Essa rivalidade entre as duas cidades é antiga, por serem pólos econômicos e por conta de times de futebol. O que, sem dúvidas, me recorda muito o nosso país, então, se me permitem a comparação: Lisboa está para São Paulo, assim como Porto está para o Rio de Janeiro. São disputas de identidade e orgulho regionais, vivenciadas também entre paulistas e cariocas. E essa é mais uma das coisas em comum que nós temos com os portugueses.
Procurando por mais coincidências, descobri que eles também têm um banco com o nome de Caixa, mas enquanto o nosso se chama ‘Caixa Econômica Federal’, o deles, de uma forma muito descritiva, se chama “Caixa Geral de Depósitos - CGD”. Uma identidade muito clara, afinal o que é um banco, para a maioria dos correntistas, se não é uma caixa de depósitos? Eu gosto. Inclusive, esta é uma marca forte no país, encontra-se na 7ª posição entre as marcas portuguesas mais valiosas, segundo um ranking feito em 2023 pela On Strategy.
Outra marca que, se você for a Portugal, vai ver também em todos os lugares, é a marca de supermercados portuguesa ‘Pingo Doce’, que imediatamente me lembrou da nossa marca nacional, ‘Pão de Açúcar’. E uma curiosidade: o nome Pão de Açúcar foi dado pelo fundador, o senhor Valentino dos Santos Diniz, porque ele avistou o Pão de Açúcar ao chegar ao Rio. Assim como a esquadra de Pedro Álvares de Cabral batizou como Monte Pascoal, na época da Páscoa, a montanha que avistou ao chegar à Bahia.
Deixando de lado a digressão geográfica, o que eu acho curioso também é que além das duas serem marcas terem o doce/açúcar em comum no nome, são marcas que entregam logo de cara de onde são. Afinal, tem como não ler a marca ‘Pingo Doce’ sem a entonação portuguesa? Para mim, é bem característico. Não imaginaria um supermercado no Brasil com este nome. Além do ‘Pingo Doce’ (4ª marca portuguesa mais valiosa, segundo a OnStrategy), você verá também a marca portuguesa de supermercados Continente (que aparece nesse mesmo ranking em 8º lugar).
Fiz compras em ambos os mercados e posso dizer que os dois são muito bons. E estou descontando o meu clima de férias ao dizer isso. Inclusive, ambas possuem marcas próprias, assim como o Pão de Açúcar tem a Taeq e Qualitá, e marcas de qualidade. Lembro que eu comprei uma batata da marca Pingo Doce, sabor Mostarda e Mel, que era muito gostosa e com um preço muito justo. Mas não foi só para experimentar novos sabores ou comprar produtos de necessidade básica, que eu fui a esses supermercados. Como boa profissional de Branding, eu adoro passear no mercado, sou xereta e converso com os clientes com quem cruzo, principalmente em viagens, porque gosto de conhecer novas marcas e produtos. Descobrir o que os outros pensam, dizem e fazem é o que está no centro do meu trabalho e é por isso que até de férias, o meu radar está ligado.
Falamos então de marcas de cerveja, de banco, de supermercado… Mas, para mim, uma das partes legais de viajar, ainda mais para outro país, é o momento das compras de ‘não necessidade’. Compras de acessórios, roupas, maquiagens, esse tipo de coisa. Nessa busca por produtos bons e baratos, fui apresentada à loja ‘Normal’. Uma loja com produtos de marcas bem conhecidas e de diferentes categorias, tem desde de maquiagens a itens pet. Com esse nome, eu confesso que tinha certeza de que essa era mais uma marca portuguesa, ainda que essa palavra exista em outras línguas. Eu me enganei: a ‘Normal’ é uma marca dinamarquesa. Acreditem se quiser. Agora, de onde veio a ideia de dar um nome que parece português para uma loja dinamarquesa? Fica aí a pergunta. Seguindo a minha veia curiosa, fui buscar uma resposta e a única coisa que eu encontrei no site falando sobre o nome foi a frase: “Vendemos produtos normais por preços anormais”. O que achei que faz sentido. E nessa minha pesquisa, descobri outra uma curiosidade: a loja tem um formato de um labirinto, parecendo um caracol, para que o cliente se sinta como se estivesse em uma ‘caça ao tesouro’. A ‘Flying Tiger’ tem esse mesmo formato e, coincidentemente ou não, também é uma marca dinamarquesa.
Gostaram dessa minha pequena viagem por marcas em e/ou de Portugal? “Você também já conheceu novas marcas em outro país?”? Alguma marca que você acha parecida com as marcas que você conhece aqui no Brasil? E aproveitando, como eu disse no começo do texto, nós da TroianoBranding aterrissamos há pouco tempo em Portugal e estamos muito animados para fazer parte da construção de marcas portuguesas e, principalmente, aprender com elas. Então, radares ligados, corações abertos e mentes atentas para que possamos construir histórias de marca e inspirar histórias de vida, em Portugal também.
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