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Mudanças climáticas e marcas

Nas últimas semanas de Setembro de 2024, vivenciamos algo que foi impossível não notar. Temperaturas incrivelmente altas, para um período de inverno em que normalmente estamos tirando nossos agasalhos ao sair de casa. Se não estávamos conscientes das mudanças climáticas no passado, agora, com esta experiência, não podemos negar seu impacto no planeta. No nosso país.


Florestas queimando, enchentes, apagões, enfim, sentimos na pele esses eventos. As empresas e organizações, muitas vezes grandes culpadas por acarretar essas mudanças climáticas, estão agora se movimentando para garantir um futuro mais sustentável. Algumas mais do que outras. Mas, para quem trabalha com marcas diariamente como eu, como elas entram neste cenário desafiador? Qual é a realidade deste momento incerto do ponto de vista do mundo dos negócios?


A verdade é que essa “preocupação” climática é novidade para muitas empresas. Não que elas não tivessem consciência de que o planeta estava se aquecendo, mas que as mesmas, só recentemente, tomaram as rédeas de seus cavalos para trilhar um caminho mais sustentável. O que resta fazer é olhar para este caminho com uma lente mais aguçada. 


Marcas que apelam ao público mais jovem dos Millennials ou Geração Z já estão com um pé à frente das outras, já que estes consumidores nasceram pensando e aprendendo sobre as mudanças climáticas. Eles são os nativos sustentáveis e tiveram que se disciplinar para agir de forma consciente. Boomers e a geração X precisam ser mais educados sobre esse assunto. Portanto, marcas precisam de diferentes estratégias para esses dois tipos de consumidores. Mas o que deve haver de comum nestas estratégias é a continuação de estímulos a favor da sustentabilidade.


No Brasil, além dessas atitudes e divisões geracionais, existe um grande paradoxo relacionado a esse tema macro. Se de um lado temos as redes sociais e uma multi estimulação ao consumo, do outro temos essa grande urgência de mudar nossos hábitos como sociedade. Também temos uma outra luta que carregamos há décadas no nosso país– as elites, o 1%, poluindo mais do que 66% da parcela da população mais carente. Parece que estamos retrocedendo como sociedade. Algo ainda mais interessante acontece com pessoas do segmento social mais baixo que conseguem ascender socialmente. Para eles, o consumo não é só correr atrás, mas também uma tentativa de recuperar os desejos reprimidos e o tempo perdido depois de muitos anos de restrição. Em quesitos ambientais, isto também polui, claro, mas é um escape e uma esperança econômica para aqueles que ficaram embaixo da pirâmide no Brasil por um tempo demasiado. 


No nosso país, há empresas e órgãos de pesquisa que pecam na conscientização da população sobre assuntos ligados à sustentabilidade. Diante destes paradoxos, como é possível fazer pesquisas, análises e estratégias de marketing somente para os mais ricos, que estão em outro modus operandi de consumo e hábitos sustentáveis? Não podemos esquecer que a população mais pobre não se encaixa neste padrão. Mais do que consumir, eles não têm a sustentabilidade como prioridade em suas vidas. E como solucionar isso? Bom, não adianta parar a maré destas pessoas, porque ela continuará subindo. Mas o que as empresas podem fazer e, especialmente o varejo, é se aproximar do consumidor final para que estes entendam todo o processo de fabricação e disseminação dos produtos. O consumo não irá parar, mas a semente estará plantada no indivíduo. Além disso, as próprias organizações podem e devem criar produtos e serviços mais sustentáveis, isso é claríssimo. Porque, vocês sabem pessoal, nenhuma marca resiste a produtos medíocres. 


Falando em varejo, avanços têm sido feitos na indústria de moda, com a moda circular, por exemplo. Na TroianoBranding, já trabalhamos com a Solvay, em um projeto com uma de suas marcas: a Amni Soul Eco. A Amni é muito especial por ser um produto com uma decomposição acelerada, reduzindo drasticamente o impacto nos oceanos. O posicionamento que criamos ilustra essa característica sustentável do produto: “Mais tempo com você, menos tempo no planeta”. Amni se distancia de muitas empresas fast fashion como Shein e Shopee, que estimulam um consumo desenfreado e danoso para o meio ambiente. 


Outra empresa fazendo um bom trabalho no ramo de sustentabilidade é a Amparo, que presta serviços de assistência 24 horas para seus clientes. Eles pensam em embalagens sustentáveis em toda a cadeia de produção, além de tratar afluentes e ter uma parceria com a SOS Mata Atlântica.  


Em 2021, o McDonald's abriu sua primeira franquia carbono zero no Reino Unido, que é alimentada por painéis solares e turbinas eólicas, marcando um ritual de passagem para esta nova era de desenvolvimento sustentável. 


Enfim, existem exemplos e exemplos. O que as empresas precisam fazer primeiro é ter consciência de que o mundo está em risco e educar sabiamente seus consumidores, sem criar nenhum tipo de terrorismo. Quando essas organizações aplicarem mudanças que causam uma real diferença, é aí que estaremos em um bom caminho. 


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